/// COLUNÁVEIS
Edgar Igor
O nosso EDtor chef é um cara contraditório. Ex-futuro-padre e lutador de boxe, amante da violência e o cara mais calmo que conheço, colecionador de dvd's... Originais! Um ídolo.
ivan seixas
Um bom bebedor de cerveja, recebeu influencias saxônias durante as andanças de sua vida e hoje fala alemão. É um excelente escritor, com uma criatividade transcendente psicodélica. Em suma, é malucão.
AL
Al é um cara talentoso. Fala pouco e somente quando acha que tem razão. Alguns dizem que ele é rabugento, mas na maioria das vezes ele, simplesmente, já pensou muito a respeito do que está falando. Convém prestar atenção.
carol costa
Pertence ao clã Costa, que tem o objetivo crível de dominar o Cabula e depois o Caribe. Carol era estagiária do Piada Interna Paper Xerographic Mate, e agora é estagiária sênior. É meio estranha, como a maioria dos membros do PI, mas tem bom coração e é legal. E isso que vale. Ah, ela também tem cachos - ou tinha, sei lá.
heide costa
Heide Costa é o elemento # 11 da segunda geração do clã Costa. (Um dos maiores clãs da história da humanidade). Ela tem uma gripe que nunca fica boa, um senso de humor sutil e um sono voraz. Seu nome, assim como o hard core , também pode ser abreviado por agá cê. Heide Costa. Mi gusta.
guilherme athayde
Guilherme Athayde é um cara cheio de moral, com nome de gente grande e apelido divertido, Jojo bengo. Tem uma banda com o nome em homenagem ao apelido, mas ele esnoba esse fato. Cheio de responsabilidade e postura de adulto ele costuma gerenciar ações, coloca ordem na casa, inclusive nesse Piada Interna.
camilla costa
Uma mistura de Tintim com Amélie Poulain, Camilla é aquilo que se espera de uma repórter: à mão o seu bloquinho de papel anotando e anotando ou conversando eloquentemente com as pessoas. Um dia ela te mostra algo que sabe que "só você vai dar valor" ou então te presenteia com um doce surpresita no fundo de uma caneca.
fernanda pimenta
Pi parece uma menina normal, só que levemente mais rabugenta. Mas volta e meia ela surpreende com a sua doçura enorme, alegria psica, fofura sem-noção e ótima disposição para fazer coisas legais. Menos quando ela resolve que está com sono. Aí ela vai é pra casa.
thiago rodrigues
Bitola, vulgo Thiago, sempre terá menos de 18 anos. E tem que ser assim, porque se chegar aos 25, morre. É um franco imitador de personagens e línguas. Não nega nenhuma proposta para sair de casa e é, inexplicavelmente, fofo.
rafael borges
Rafael é definitivamente um cabra peculiar. Fala japonês, desenha absurdamente bem, queria ser o Elvis, já viu mais South Park que os criadores da série e não perde a chance de fazer discussões transcendentais sobre o universo. Tem o especial dom de falar o que não devia, na hora que não devia. Deve ser por isso que ele é o Bocão.
/// ARQUIVOS
2007
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/// LINQUES
Automatisch
Azul e Flicts
Quase um sucesso
Peripécias autorais
Puta madre cabron
Rafa Samurai
Reisepost
/// quarta-feira, 27 de junho de 2007
por Fernanda
Devo, não nego, pago quando puder um textinho bacana, substituindo este.

Enquanto isso, vou colocar um texto alheio sobre lugares-comuns da língua da coluna de Sérgio Rodrigues, no nominimo.

É bom lembrar que:
Nem todo calculista é frio.
Nem todo frio é calculista.
Nem toda mentira é deslavada.
Nem todo apoio é irrestrito.
Nem todo silêncio é sepulcral.
Nem todo calor é senegalesco.
Nem todo suor cai em bicas.
Nem toda chuva é torrencial.
Nem todo sucesso é retumbante.
Nem toda vitória é esmagadora.
Nem toda vaia é estrepitosa.
Nem todo caso de amor é tórrido.
Nem toda realidade é dura.
Nem toda desculpa é esfarrapada.
Nem toda dor é lancinante.
Nem toda dúvida é atroz.
Nem todo barulho é ensurdecedor.
Nem toda ascensão é meteórica.
Nem toda carreira é desabalada.
Nem todo drible é desconcertante.
Nem todo toque é sutil.
Nem toda vontade é férrea.
Nem todo erro é crasso.
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/// segunda-feira, 25 de junho de 2007
Gogó de ouro
por Camilla Costa

Com o passar dos anos e as novas tecnologias fonográficas, perdemos o hábito. Foi-se o tempo dos grandes intérpretes, que sempre cantavam para milhões de ouvintes; das rádio novelas; dos shows transmitidos ao vivo e até mesmo do bom e velho "deixar a fita virgem no ponto pra gravar aquela música na hora em que ela passar".

Deixar de ouvir rádio, na verdade, nos desconecta da realidade musical em que a maioria das pessoas vive. No meu carro tem um monte de cds de bandas de fora, ou nacionais, baixados da internet. Quando canso de tudo, ouço o mp3 player, porque cabe mais coisas. Mas ao decidir voltar a ouvir rádio (volta e meia passo uns tempos assim) me deparei com uma série de surpresas um tanto desagradáveis. Entre elas, Jorge Vercilo.

Jorge Vercilo, caros, é a nossa nova MPB. E ele está em todos os lugares. Não passa uma semana sem que eu não ouça a vozinha djavanizada dele pelo menos três vezes. Sei os greatest hits de cor. Tem aquela: "a saudade bateu, foi que nem maré, quando vem de repente de tarde, invade, transborda esse bem-me-quer". E tem o hit do momento: "Ela é quem me dá força, ela é quem me dá asas, ela me DÁ em casa ou em qualquer lugar". Tem a dos tiros na calçada, tem a que ele escreveu com (óbvio) Flávio Venturini e tem a do Homem-Aranha.

É isso. Jorge Vercilo é a nova MPB (não é à toa que ele está em todas as rádios, mas é rei mesmo na Nova Brasil FM). Essa MPB tosca, que se garante mais pelo sobrenome dos pais e pela semelhança com gente das antigas do que pelo próprio talento. Não é saudosismo, conservadorismo ou qualquer ismo. Não acho que isso é um problema da juventude de hoje em dia e que os jovens dos anos 60 eram necessariamente mais inteligentes, pró-ativos e legais.

Mas olhem para Jorginho. Ele canta como Djavan, se aproveitou disso para fazer letras similares e piores que as de Djavan (aí vai uma amostra). Na verdade, ele está para Djavan como o vocalista do Patchanka está para Bell Marques. Ou quase. O cara da Patchanka é mais honesto, já que faz cover mesmo, abertamente. No entanto, Jorge Vercilo é o rei das paradas de sucesso nas rádios "elite/jazz/pop fino/golden oldies", deve estar gravando DVDs horrores e vendendo como água. E não, ele não vende para a classe baixa supostamente ignorante. Vende para a pseudo elite jovem que reclama do arrocha e se amarra em um cara com cabelo de Compadre Washington e jeitinho de Silvano Salles, que canta sobre o Homem-Aranha. Mas ele canta igual a Djavan. Ponto.

Tem horas que dá raiva ouvir rádio, se me ponho a pensar nessas coisas. Tem horas que é engraçado, só. Quando não me resta muita coisa, espero tocar a minha favorita e me rendo:
"Chega de bandido pra prender/de bala perdida pra deter/ eu tenho uma idéia/ você na minha teiaaaa".

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/// sábado, 23 de junho de 2007
brasil nunca mais
por Guilherme Athayde


De 1964 a 1985 pouco se ouvia nas ruas do Brasil. Ou muito tentou-se um silêncio impossível de fazer. Nos períodos mais críticos dessa época, torturas, desaparecimentos, acidentes inexplicáveis fizeram parte da rotina dos brasileiros, através de notícias que surgiam extra-oficialmente. Essa época, que durou dificeis 21 anos, ainda faz parte da nossa história recente e nós, bem, nós não estamos nem aí.

Não justificando, podemos dizer que o Brasil não foi o único país onde atrocidades aconteceram. O que para mim, que nasci nos últimos anos da ditadura militar, é difícil aceitar é que apesar de tudo que aconteceu, essa história acabou numa impunidade ofensiva. Algum dos torturadores foram presos? Alguém sabe, pelo menos, o nome de algum desses criminosos?

A sensação que dá é que acabou e pronto, todos estavam aliviados e resolveu-se deixar para lá. Naquele costume que podem fazer qualquer barbaridade que a gente esquece com o tempo. Comecei a lembrar disso quando li, essa semana, a entrevista de Jarbas Passarinho - ministro na época do regime - na IstoÉ. Entre outras declarações, ele afirma que não se arrepende de ter assinado o AI-5 e uma frase que me intrigou: "Esse crime, para nós militares, é dos mais repulsivos: matar um refém!". E torturar um refém, não seria repulsivo? Mas a ironia é um modo costumeiro do poder tratar o brasileiro. Assim como ainda é hoje, podemos ver em fator menores: você pode esperar horas num aeroporto por um vôo que não sabe nem se vai sair mesmo, pode perder compromissos, frustar expectativas e planos e uma ministra tem o desprendimento de dizer que o melhor a fazer é "relaxar e gozar".

Tento evitar, mas faço uma comparação com o holocausto. Dois pesos, duas medidas. Lógico que temos ai dimensões completamente diferentes, mas não deixam de ser iguais casos de abuso, de desrespeito, de barbárie. Mas pelo menos o nazismo tem seus culpados com nomes e rostos divulgados, ainda que nem todos tenham sido punidos. Nós não. A gente vai deixando de lado. Esquecendo, naquele conceito de varrer a sujeira para debaixo do tapete.
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/// quinta-feira, 21 de junho de 2007
Bonobos de marte
por Carolina Costa





Descobertos há tempos atrás, os bonobos são da família do chimpanzé. Até aí nada de extraordinário. Se não fosse a sua forma de organização social. Para as criaturas peludas, em meio social tudo pode ser resolvido através do sexo.

Não há, como nos humanos, uma relação direta entre reprodução e sexo. Pra eles, o ato sexual está em primeiro lugar, funcionando como substituto da agressividade. Ou seja, em vez de discutir relação, eles a fazem. Nada de brigas por causa da roupa molhada em cima da cama. Nada é problema e todo e qualquer indício de desentendimento é resolvido pelo velho amigo dos amantes ardentes.

O bonobo acorda e dorme para o sexo. O macaco acorda pra “cume mulé”. É o objetivo real e vitalício do cara.

Afirmam os cientistas que há tempos os bonobos e os homens estavam no mesmo galho da árvore genealógica. Qualquer semelhança com a realidade é pura concidência.

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/// terça-feira, 19 de junho de 2007
Fale mal de mim
por Ivan Seixas
Quinta-feira, dia 14 de junho de 2007. O presidente da República Federativa do Brasil, diz que os brasileiros deveriam parar de falar mal do país. Lula estava, naquele momento, formalizando seu apoio a esta campanha maluca que visa eleger o Cristo Redentor uma das novas 7 maravilhas do mundo. Pegou carona no nacionalismo que a ocasião pedia e nas risíveis chances da nossa estátua, para fazer este complicadíssimo apelo ao país. Ora, quem em sã consciência daria seu voto ao Cristo Redentor, numa competição em que figuram monumentos como o Taj Mahal, o Coliseu, as estatuas muito loucas da Ilha de Páscoa, o Kremlin, a Acrópoli, o castelo de Neu Schwanstein e a Grande Muralha da China? Escolher apenas 7 entre os 20 concorrentes é uma tarefa dificílima e denter eles apenas a estátua da liberdade e a opera de Sidney parecem figurar junto do Cristo na categoria "O que que eu estou fazendo aqui?" Ainda que eu pudesse dar 8, 9 ou 10 votos, não teria capacidade de votar no Cristo. Seria contra todos os meus princípios de coerêncioa interna (e olhe que eu não tenho muitos). Até mesmo a torre Eiffel, que não tem nada de maravilhosa, é melhor que o Cristo.


Mas eu acho que Lula tem razão. Não no que ele quis dizer, mas no que acabou dizendo. Brasileiro adora falar do país mesmo e isso é um problemão. Eu ouço já mil pessoas se alvoroçando, dizendo que é necessário criticar, que o próprio Lula antes de ser presidente só fazia falar mal do Brasil (fato), que a gente só vai mudar as coisas reconhecendo as nossas falhas e blábláblá. Muito bem! Tá certo! Mas não é assim que acontece. No Brasil não se fala mal do país como instrumento para mudar alguma coisa. O brasileiro faz isso no intervalo da novela, sentado no sofá coçando o saco. Falar mal do país eh um desses maus hábitos do brasileiro, tão nocivo quanto jogar papel de picolé no chão e mijar no poste. São críticas preguiçosas e reacionárias que nada têm de construtivo. E eu acho mais que pertinente, o presidente fazer este alerta ao seu povo.

Depois vêm me dizer que brasileiro é patriota. E o pior é que ele é, mesmo, mas é um patriotismo torto, tosco, contraditório. Um patriota que gosta mas não valoriza, ou que gosta de desvalorizar. Um patriotismo que estufa o peito pedindo respeito mas não respeita a si mesmo. Que torce por um oscar de melhor filme estrangeiro, como torce pelo time de futebol, mas se alguém perguntar, filme nacional só tem putaria e palavrão. O brasileito se orgulha do astronauta brasileiro, mas acha que tudo o que vem de fora é melhor que o que se produz aqui dentro. E mesmo que isso se extenda à cultura e às pessoas, a gente ainda diz ter orgulho de ser brasileiro.

É um povo que se acostumou a falar mal do Brasil no intervalo da novela e a torcer por ele no futebol, e não a propor mudanças e lutar por elas. O orgulho do brasil só vai poder ser genuíno quando partir de algo real, de conquistas populares. Porque os franceses não tem orgulho da França pela côte d'azur, nem por causa da seleção de futebol, mas por seu histórico de conquistas e revoluções, pela liberdade, igualdade e fraternidade que eles colocaram no verso do Euro. E quando Lula falou que era preciso parar com isso, ele pode até ter querido dizer que nós deviamos votar naquela estátua francesa que colocaram lá no Rio de Janeiro para maravilha do mundo, mas nós deveríamos entender exatamente o contrário.
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/// domingo, 17 de junho de 2007
Ignorância esperta
por Edigarigor


Noite de terça: eu, minha esposa e minha namorada esperando alegremente o início de "A Pedra do Reino"; uma adaptação do livro do retado Ariano Suassuna e promessa de atores nordestinos desconhecidos, fora que 2 atores baianos (muito bons) estavam no elenco. Morrendo de sono, esperamos.


E começou. E assistíamos.


Terminou. No final olhei para minha esposinha e ela para mim:


- Entendeu alguma coisa, ninho? - disse ela.


- Porra nenhuma. - eu, óbvio.


No dia seguinte perguntamos para algumas pessoas. Elas também não entenderam. Afinal, quem entendeu?


Mas esse texto não é voltado para a microsérie - quando ler o romance terei maior prazer de escrever algo - , e sim para a coragem de questionar. Por que temos medo de questionar as coisas? Por medo de parecermos fracos, ignóbeis? De sermos execrados nas rodinhas de convívio? Muitas vezes, confesso, faço cara de lua cheia ao não entender algumas coisas que as pessoas dizem ao longe e sai aquele sorriso "evento chique, estou segurando um copo de bebida e tenho que sair bem na foto". E balanço a cabeça. Outras são por não ter paciência do papo chato porque penso em mil coisas ao mesmo tempo que converso. Coisa minha.


Acho que todos deveriam questionar suas dúvidas, por mais que pareçam ridículas e que os portadores destas sejam escrachados antes de ouvir a resposta. Fazer o que as professorinhas do ensino fundamental sempre dizem. Aconteceriam menos erros estúpidos, negligências e existiriam menos críticos de arte. Ah, estes sim devem ter entendido "A Pedra do Reino" ou temem por uma guerra fria crítica, onde todos TÊM que saber de tudo. Coisa de gente chata.


Mas eu não. E estou atrás da resposta, afinal é o que realmente interessa. Até o Ariano tem as dúvidas dele...
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/// terça-feira, 12 de junho de 2007
Hope you guess my name
por Camilla Costa
Ontem eu li a Rolling Stone. Tinha umas coisas legais, uma matéria sobre Robert Downey Jr. (que é sempre ótimo), uma coisinha aqui, outra acolá. Mas ando achando tudo muito chato e tudo que fala sobre tudo mais chato ainda. Enfim.

O que me chamou mesmo a atenção foi uma matéria sobre Grindhouse, o filme novo de Tarantino e Robert Rodriguez. Mas não só isso. Me chamou a atenção mesmo o fato de que o nome do filho pequeno de Robert Rodriguez (que faz uma pontinha no filme) é Rebel. Isso mesmo, Rebel, de rebelde. Decente.

"Porra, filho, você é muito rebelde!"
"Claro que sim, pai. E a culpa é sua."

Parei para pensar que felizes são as línguas nas quais qualquer substantivo é potencialmente um nome próprio. Não sei tanto sobre línguas, mas já deu para observar algumas coisas. Em português até que existem bastante nomes curiosos. Os bons e velhos Rolando Escada Abaixo, Jacinto Pinto Aquino Rêgo, Um Dois Três de Oliveira Quatro e por aí vai. Existem mesmo. Mas sempre tem aquele quê de piada. Infelizmente o nosso belo português não permite que eu chame minha filha de Esperança, ou de Maçã. Nem meu filho de Rebelde.

Em espanhol já existem mais possibilidades, tanto quanto existem santos católicos. Aí nascem dúzias de Esperanças, Piedades, Misericórdias, Assunções, Pilares. Aqui no Brasil também, até. Mas diz se não é poético uma menina chamada Solidão? Pois é. Eles podem, a gente não.

Mas a estrela mesmo é o inglês. Me admira que americanos e ingleses tenham nomes "típicos" quando qualquer coisa pode ser um nome próprio! Agora é moda entre os globais de Hollywood, da música, do futebol e do show business em geral. Gwyneth Paltrow chama a filha de Apple. David Beckham chama a dele de Cruz. Cher fez história há algum tempo batizando sua princesinha de Castidade (Chastity). A lista é interminável.

Mas fato é que, se no começo esses nomes soam estranhos, logo logo você se acostuma. Não sei se é por causa da nossa colonização cultural, não sei se é o star system, não sei se é a sonoridade da língua inglesa que permite esse uso. Só sei que, se no Brasil alguém se chama Chuva, Sol, Raio, Luz, Cristal ou Moreno, é nome de hippie psico. Mas River Phoenix faz escola até hoje, e pouca gente se lembra do significado real do nome. Reflitam: depois de algum tempo, se chamar Spoon seria até bacana, hype, etc. Mas imagine se seu nome fosse Colher.

"Ei, gatinha, me dá uma Colher de chá!"
"Não enche, idiota".
Over and over again, até o fim da sua vida.
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Rei das Gordinhas
por Fernanda

Rei da Jovem Guarda, Rei do Brega, Rei das Mamães, Rei dos Casais Apaixonados(?). Roberto Carlos tem sido assunto de matérias em jornais, textos em blogs e comunidades no orkut por ter mandado recolher os livros de uma biografia não autorizada de sua pessoa. Ficou mega-irritado com o livro Roberto Carlos em Detalhes, do autor e historiador Paulo César de Araújo, que passou 15 anos pesquisando. Robertão não disse ao certo porque não quis que o livro circulasse, mas corre por aí que é por causa do acidente que resultou em sua perna amputada. Quem quiser ler o livro, baixa aqui ou aqui.

Polêmicas a cerca do seu livro a parte, o fato é que o cara vende muito, faz sucesso nas classes mais populares, tem um programa clássico de fim de ano, e as mamães do Brasilzão adoram. Eu, que não sou fã, mas que gosto dentro do plausível, divido o Rei em duas partes: o lado jovem guarda não quero saber de nada, querendo que tudo fosse pro inferno, e o lado brega apaixonado por gordinhas, quarentonas + músicas religiosas. Prefiro seu lado rock, como boa representante da classe média que sou, mas admiro o fenômeno romântico. (lembrancinha: quando era pequena, uns primos fizeram uma versão para Jesus Cristo muito astral, eu adooorava)

De uns tempos pra cá ele tem se tornado cada vez mais revisitado por intérpretes entitulados não-bregas. Como todo artista que se transforma em “clássico”, sendo um mito pra o imaginário popular que sempre vai ter uma música de Roberto Carlos que marque alguma coisa na vida. Desde Maria Bethânia que gravou um disco inteirinho com canções do Rei, fui lembrando quem mais gravou... de primeira me veio Skank, com uma versão proibindo fumar (maconha) e Lulu Santos com Se Você Pensa. Aí lembrei de Marisa Monte com Eu te amo, Eu te amo, que fez sucesso com Roberta Miranda (ihihih). Tem Adriana Calcanhotto em Por Isso Corro Demais. Dei uma busca no Google e vi que Felipe Dylon gravou Ciúme de Você e Cidade Negra gravou Mesmo Que Seja Eu, que essa menina sem voz, Marina Lima, tinha gravado “um homem pra chamar Dirceu”. Quero gravar uma música do Roberto Carlos, como proceder?

Mas o motivo que me fez escrever aqui sobre as ilimitadas regravações de Roberto Carlos foi o Jota Quest. A música é até legal, mas minha gente... como é que pode uma música tocar tanto na rádio? Além do horizonte devem existir mais músicas pra esse povo gravar, pra compor, pra fazer o sucesso deles lá eles. Fácil, extremamente fácil, essa fórmula de pegar uma música conhecida e bater até matar um. Um saco!

Outra cisa que me motivou a falar de RC foi a banda Del Rey. Uns minino de Ricifilis do Mombojó + China resolveram pegar o repertório de Robertão e tocar com uma pegada rock. Escolheram as músicas mais antigas, que são mais legais, e deram uma roupagi astral. É bem divertido e faz mais sucesso em Recife do que Mombojó, cujo o maior público fiel está em Salvador, sabe-se lá o porquê, tanto que eles comemoraram mil anos de existencia num show aqui. Veja a DelRey tocando Edson Gomes (outro monarca) e ouça músicas aqui e aqui . Não sei se vai tocar em Salvador alguma vez na vida, mas alguns amiguinhos se divertiram em Beagá.

Quem é Rei, nunca perde a majestade. Deficiente físico e do Espírito Santo (o Estado qualquer coisa do Sudeste), o Rei estará firme lá na Globo no fim do ano, gravando todo ano um cd pra vender no dia das mães e em breve voltará a fazer shows. Só quero ver quando ele vai deixar de bobagem e voltar a cantar Quero que vá tudo pro Inferno.
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/// domingo, 10 de junho de 2007
sorte do dia
por Guilherme Athayde
"um raio não cai duas vezes no mesmo lugar", dizem desde que sou pequeno. antigamente era uma tática útil caso me encontrasse desprotegido em uma tempestade. com o passar do tempo, acabou virando um alerta, um convite à impulsividade. um lembrete sobre essa efemeridade do que aconteceu agora e não vai mais acontecer. jamais. hoje em dia, no entanto, revela-se um terceiro sentindo: de uma praga que te dá apenas uma chance. uma justificativa para aceitar que o que passou, passou. e se eu buscar de novo? talvez um risco, dê certo e seja ligeiramente diferente. mas como cada situação tem seus participantes, seu lugar e seus sentimentos. será possível reencontrá-los, todos?
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/// quinta-feira, 7 de junho de 2007
Saco
por Carolina Costa
Saco é aquilo que o supermercado te cobra sem você saber e serve pra guardar o que você acabou de comprar.
Também é conhecido como alguma coisa que assemelha-se à paciência.
Às vezes o saco de supermercado rompe e você pode passar a vergonha de ter as suas recentes compras espalhadas em uma rua qualquer no caminho de volta à sua casa.
Assim como ele, a paciência também pode ser rompida e termina por palavras caídas de qualquer jeito num sentimento pré -arrependível e pós-estrago feito.
Pra que nenhuma das perdas aconteça, uma sugestão: ponha sempre dois sacos pra guardar as suas compras e as suas palavras. Previne qualquer estrago.
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/// terça-feira, 5 de junho de 2007
Quem conta um conto...
por Ivan Seixas
Se eu disser que hoje não me aconteceu nada, eu vou estar falando a verdade? Depende. A rigor me aconteceram varias coisas: eu acordei, me vesti, fui trabalhar, derramei água no chão, saltei uma poça quando estava chegando em casa, escrevi um texto no computador, passei arquivos de mp3 ilegalmente para amigos em países distantes... Mas esse é o tipo de coisa que eu faço todo dia, nada digno de nota, nada fora do padrão.

O caso é que melhor seria ficar calado que dizer a alguém que não me aconteceu nada hoje. Para fazer o dia-a-dia ficar interessante, para se ter alguma história que contar, para criar assunto, é necessário gerar fatos. Não sei se chega a ser preciso mentir, mas aquela aumentadinha de nada é indispensável.

Peguemos como exemplo o dia de hoje, no qual eu acabei de dizer que não aconteceu nada. Garanto que posso achar várias historias interessantes em potencial. Vejamos: Eu ter derramado agua no chão pode ser atribuido a algum fator de desequilibrio, ou ao fato das garrafas não serem mais bem vedadas hoje quanto foram um dia, ou posso atribuir à minha eterna suspeita de que eu sofro de mal de parkinson.

- Rapaz, eu hoje tremi tanto que derramei água no chão todo. E eu nem estava nervoso. Eu acho que tenho de ir no médico! - daí pra frente é só colher os frutos.

E a poça que eu saltei quando estava perto de casa? Será que não tinha um carro passando por perto na hora? Será que ele não quase passou por cima da poça, jogando água em cima de mim? Aquela água imunda que corre bueiro, corre esgoto; que pode transmitir várias doenças, que transmite lepra! Eu ouvi essa história ontem na Bandnews, só não me lembro o nome do locutor... Puta que pariu! Eu fiquei fora de mim, ainda peguei uma pedra pra jogar no sacana do carro, mas não acertei. Ai, se eu acerto! Ele bem que merecia...

A realidade é bem chata. Se não fosse, talvez a gente nem precisasse sonhar. Mas a impressão que eu tenho é de que a vida esteja sempre a um passo das coisas fantásticas. É como se as duas energias, a real e a imaginária, estivessem sempre juntas. Em alguns pontos elas devem se condensar e ficar muito mais próximas. Nesses momentos a vida, ignorando todas as probabilidades, segue em frente da forma mais chata possível, por pura falta de habilidade do seu narrador. Isso vale pra todo mundo, mas algumas pessoas são mais sensíveis a isso que outras.

É como nas historinhas da Turma da Mônica em que eles discutem com o roteirista, com o narrador, com o desenhista. Algumas pessoas - eu incluso - simplesmente se recusam a aceitar a forma como a vida é contada, e acabam tendo que fazer suas próprias versões baseadas em como as coisas poderiam ter sido.

E, admitido que não há realidade, somente diferentes versões de um fato, posso afirmar que não somos mentirosos. Nós simplesmente aumentamos um ponto.
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/// sexta-feira, 1 de junho de 2007
It was 60 years ago today
por Camilla Costa

Hoje, exatamente hoje, o cosmos celebra o aniversário de 40 anos do álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, da banda homônima. O disco de estréia da banda é considerado um dos melhores discos de todos os tempos por inúmeras listas "importantes", que desocupados criam mundo afora, e deve receber uma série de reedições especiais no ano desta tão honrosa efeméride.
Mas é curioso o fato de que a maioria dos admiradores desta obra musical, que foi concebida com o intuito de ser uma ópera-rock, costuma fazer uma leve confusão a respeito dos autores. O disco Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band é comumente atribuído à banda britânica The Beatles. Na verdade, os Beatles serviram meramente de suporte para os verdadeiros criadores da sonoridade contagiante e letras bem elaboradas encontradas no álbum.
Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band ou, em livre tradução, a "Banda do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta", nasceu, como explicado no intróito deste disco, 20 anos antes de seu encontro com os quatro rapazes de Liverpool, durante uma cerimônia misteriosa em casa de amigos. Os membros da banda foram reunidos por um certo "Sargento Pimenta", de identidade desconhecida. Quando do lançamento do álbum, que trazia um retrato falado do Sargento, foi realizada uma campanha para sua localização, sem sucesso, nas ex-colônias britânicas. Não se sabe exatamente de onde os quatro músicos do Sargento Pimenta vieram, nem para onde foram finda a parceria com os popstars britânicos.
O que se sabe é que, muito antes de grupos alienígenas misteriosos como Ziggy Stardust and the Venus in Furs, Man or Astro-Man?, Beastie Boys e Backstreet Boys, os "Pepper´s" fizeram história ao utilizar o talento da famosa banda inglesa para publicar o seu primeiro trabalho como banda de estúdio.
A mudança não passou despercebida pelos fãs, que desconfiaram da trama ao soarem os primeiros acordes da faixa-título do álbum: "As vozes deles estão diferentes!", diziam alguns. "Essa não é a guitarra do George", comentavam outros, à boca pequena. "Como assim 'it was 20 years ago today'?", perguntavam-se os admiradores do grupo. Os bigodes também provocaram reações acaloradas e alguém, em meio à multidão, levantou a pergunta: "quem diabos é aquele cara de óculos?".
Mas a diferença real não era essa. Seja no apuro da produção, na ousadia dos experimentalismos, ou na complexidade das imagens em suas letras, os "quatro rapazes de Liverpool" jamais seriam os mesmos depois dos Corações Solitários do Sargento Pimenta.
Os boatos dizem que a parceria entre as duas bandas já havia começado antes, no álbum Revolver (a arte na capa seria uma alusão à "troca de identidades" sofrida pela banda). Outros ainda acusam os Beatles de terem sequestrado os Pepper´s dos estúdios dos Beach Boys, nos Estados Unidos, onde haviam fixado residência. Nada foi comprovado.
Sabemos somente que as duas bandas produziram mais um álbum e um filme juntas, com o sugestivo título de "Magical Mistery Tour", testando ainda mais os limites da psicodelia, das cores, do non-sense e da sacanagem.
Depois da partida dos Pepper´s, os Beatles já não seriam os Beatles. Tornaram-se John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, quatro amigos que tocavam juntos. Mais maduros e mais geniais, porém mais próximos do fim. No ano em que se comemora o 40º aniversário do encontro estelar, os Beatles remanescentes rendem uma breve e sóbria homenagem aos Pepper´s em seu website. Um pouco antes de que Ringo assuma que este foi o projeto mais ambicioso do qual os Beatles participaram, Paul McCartney, emocionado, diz: "Tudo neste álbum foi imaginado a partir da perspectiva daquelas pessoas".
Onde quer que vocês estejam, Pepper´s, nós nos lembramos.

(Na foto, Sgt. Pepper´s Band se posiciona para a capa do disco. Os Beatles não conseguiram chegar a tempo para as fotos, e a capa oficial trouxe somente os Pepper´s, em outra posição)

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