/// COLUNÁVEIS
Edgar Igor
O nosso EDtor chef é um cara contraditório. Ex-futuro-padre e lutador de boxe, amante da violência e o cara mais calmo que conheço, colecionador de dvd's... Originais! Um ídolo.
ivan seixas
Um bom bebedor de cerveja, recebeu influencias saxônias durante as andanças de sua vida e hoje fala alemão. É um excelente escritor, com uma criatividade transcendente psicodélica. Em suma, é malucão.
AL
Al é um cara talentoso. Fala pouco e somente quando acha que tem razão. Alguns dizem que ele é rabugento, mas na maioria das vezes ele, simplesmente, já pensou muito a respeito do que está falando. Convém prestar atenção.
carol costa
Pertence ao clã Costa, que tem o objetivo crível de dominar o Cabula e depois o Caribe. Carol era estagiária do Piada Interna Paper Xerographic Mate, e agora é estagiária sênior. É meio estranha, como a maioria dos membros do PI, mas tem bom coração e é legal. E isso que vale. Ah, ela também tem cachos - ou tinha, sei lá.
heide costa
Heide Costa é o elemento # 11 da segunda geração do clã Costa. (Um dos maiores clãs da história da humanidade). Ela tem uma gripe que nunca fica boa, um senso de humor sutil e um sono voraz. Seu nome, assim como o hard core , também pode ser abreviado por agá cê. Heide Costa. Mi gusta.
guilherme athayde
Guilherme Athayde é um cara cheio de moral, com nome de gente grande e apelido divertido, Jojo bengo. Tem uma banda com o nome em homenagem ao apelido, mas ele esnoba esse fato. Cheio de responsabilidade e postura de adulto ele costuma gerenciar ações, coloca ordem na casa, inclusive nesse Piada Interna.
camilla costa
Uma mistura de Tintim com Amélie Poulain, Camilla é aquilo que se espera de uma repórter: à mão o seu bloquinho de papel anotando e anotando ou conversando eloquentemente com as pessoas. Um dia ela te mostra algo que sabe que "só você vai dar valor" ou então te presenteia com um doce surpresita no fundo de uma caneca.
fernanda pimenta
Pi parece uma menina normal, só que levemente mais rabugenta. Mas volta e meia ela surpreende com a sua doçura enorme, alegria psica, fofura sem-noção e ótima disposição para fazer coisas legais. Menos quando ela resolve que está com sono. Aí ela vai é pra casa.
thiago rodrigues
Bitola, vulgo Thiago, sempre terá menos de 18 anos. E tem que ser assim, porque se chegar aos 25, morre. É um franco imitador de personagens e línguas. Não nega nenhuma proposta para sair de casa e é, inexplicavelmente, fofo.
rafael borges
Rafael é definitivamente um cabra peculiar. Fala japonês, desenha absurdamente bem, queria ser o Elvis, já viu mais South Park que os criadores da série e não perde a chance de fazer discussões transcendentais sobre o universo. Tem o especial dom de falar o que não devia, na hora que não devia. Deve ser por isso que ele é o Bocão.
/// ARQUIVOS
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Rafa Samurai
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/// sábado, 28 de abril de 2007
A boa, a má e o lápis de olho
por Camilla Costa


Ah, os irmãos gêmeos!!! Duas pessoas com o mesmo DNA, tão parecidos e muitas vezes tão diferentes, ligados por um laço mais forte do que a maioria dos seres humanos. O outro lado da moeda, a outra metade da laranja, o lado de lá do espelho.

Talvez por seu status de milagre da natureza, gêmeos são frequentemente os principais personagens de todo tipo de tramas rocambolescas, romances, telenovelas ou histórias mórbidas envolvendo triângulos amorosos macabros (quem diabos conseguiria ser feliz com um gêmeo depois de ser enganado e passar um tempo vivendo com o outro que parecia estar morto, mas volta do além ?)

Claro está que, para fazer a coisa funcionar, aberrações como gêmeos bivitelinos, que podem ser diferentes até no sexo, devem ficar de fora. Gêmeo bom é gêmeo idêntico, de preferência se forem separados no nascimento. Um precisa ser mau e o outro, bonzinho, naturalmente. Os gêmeos representam nas tramas o lado bom e o ruim que todo ser humano tem dentro de si. Quando o gêmeo bom combate o gêmeo mau, está combatendo o seu próprio lado negro. Reparem como o gêmeo bom geralmente é meio apatetado e demora uma eternidade pra conseguir reagir às vilanias do irmãozinho(a) sapeca.

O detalhe mais importante, no entanto, nas histórias que envolvem gêmeos, é a maneira de diferenciá-los. Pessoalmente, me fascina a construção dos personagens. Invariavelmente o bom é rústico, simples, do interior, pobre. O mau é urbano, sofisticado, frio e calculista da cidade grande. Fantástico. É o bom selvagem de Rousseau aplicado na cultura de massa.

A irmã boa costuma vir da praia, de uma vida tranquila em uma aldeia de pescadores, entre gente pobre e honrada. Cresceu comendo manga do pé, brincando com os meninos. Tem uma sensualidade brejeira, inerente a sua personalidade, não precisa se produzir muito. É honesta, digna, sincera e piedosa. Preza sua família acima de tudo, mesmo que sejam más pessoas.

A má se pinta muito, mesmo de dia. Esperta, escolada, ela provavelmente foi criada por uma família rica da cidade grande. Dá valor às aparências e ao dinheiro. Se for pobre, dá na mesma. Afinal, a vida na cidade ensina como se virar. Ela é trambiqueira, interesseira e faz o estilo mulher fatal, intencionalmente provocante. Família com ela é na porrada.

Com os homens é mais ou menos a mesma coisa, mas os triângulos amorosos costumam usar mulheres gêmeas, talvez por causa do senso comum de que homens são menos observadores, mais fáceis de enganar na hora fatídica da troca de papéis. Assim é com Taís e Paula, de Paraíso Tropical. Foi assim também em A Usurpadora, com as irmãs Paula (a rica) e Paulina (com esse nome, naturalmente, a pobre). Assim era também na novela suprema do gênero, Mulheres de Areia.

Peço atenção, amigos, para as lições de vida nessas situações. O seu lado ruim é o lado moderno, urbano, burguês e progressista. Aquele que quer dinheiro e ascensão social a qualquer custo. Aquele da lei de Gerson. O lado bom é aquele no fundinho do seu ser, que você traz da infância idílica e feliz brincando com o cachorro e fazendo amizade com os meninos da roça. Aquele de não reparar as diferenças, de só querer a felicidade fazendo o bem. Campo é bom. Cidade é ruim.

Até aí Rousseau mata a pau. Mas a fila anda, a trama se desenvolve e a gêmea boa toma no cu inúmeras vezes, porque é abestalhada demais e quer perdoar a outra. Aí ela precisa ficar ixperta. Começa a se arrumar, explorar a sensualidade, acorda pra cuspir. A gêmea boa começa a usar lápis de olho. E o lápis de olho muda tudo. As irmãs ficam um pouco mais iguais, mas é nessa hora que a gêmea boa ganha um pouco de personalidade e começa o verdadeiro duelo de titãs, a batalha entre os dois lados do espelho. Alguns devem se lembrar da cena antológia em que Ruth finalmente estapeava Raquel. Emocionante.

Moral da história: ser matuto não enche barriga. Ou, é preciso se apropriar de algumas qualidades do lado negro para vencê-lo. Ou, não adianta ser bonzinho demais. Ou, todo mundo precisa de um banho de loja uma vez na vida. Ou o progresso e a modernidade são bons se você souber manter o espírito do campo. Ou, o mais importante de tudo: não esqueça do lápis de olho. É ele que vai te ajudar a mostrar aos seus inimigos que você vai começar a brincar pesado.


Foto: Diane Arbus
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/// sexta-feira, 27 de abril de 2007
dicas e considerações para o mundo moderno.
por Guilherme Athayde
Gostaria de agradecer ao inventor do ar-condicionado pelo alívio nos meus dias. Recomendo a todas as pessoas que ouçam a música 5 do último cd de Amy Winehouse, a número 4 do cd de Lily Allen e o cd inteiro de Mika. Apesar de que eles já estão bem hypeados e todo mundo recomenda. Mas eu estou fazendo coro.

Peço, através desta, que todos as pessoas enforquem a segunda-feira, que façam alguma coisa suja - mas não tanto - e não sejam inconvenientes. Tentem não se descontrolar muito e dirijam mais rápido (principalmente em dias de chuva).

Não falem em aquecimento global quando encontrarem comigo. E evitem ler livros de auto-ajuda. Ah, e não comprem livros de capa feia. Cuidado quando for passar por cima das estampas.

Recomendo o drink de martini, maracujá e groselha. Muito gelo. Pode dar sono depois, mas é bom durante.
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/// terça-feira, 24 de abril de 2007
Substantivo Próprio
por Carolina Costa
Meu nome é composto. Assim como guarda-chuva, Maria Joaquina, palavra cruzada e xisto betuminoso. O preferido dos consagrados roteiristas mexicanos.

Dizem que nome é a palavra que dá sentido a alguma coisa.

Mas tem quem não dê o menor sentido ao que tá dizendo. Há quem escreva “atenciosamente” abreviado (apesar de não ter atenção nenhuma nisso), quem ache que “desgraça” é pronome de tratamento, quem acredite que “Jesus” é sinônimo de ‘oi’ e quem diga que ama quando só vai com a cara.

Por isso que eu gosto dos substantivos compostos. São inteligentes, quando dizem muita coisa em um nome só.

Eu sou a favor da preservação às boas palavras. Mesmo fazendo besteira com elas. Como esse texto,por exemplo.
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/// domingo, 22 de abril de 2007
Os Estados Unidos do Brasil
por Ivan Seixas
Saiu a notícia pela qual todos nós estavamos esperando. Após a mudança de nome do PFL para Democratas, o PT anuncia que também vai mudar. Parece ser tudo parte de um grande plano para o Brasil, cujas conseqüencias podem ser muito maiores que as do PAC e cuja pedra angular está no projeto de reforma política.

O PSDB, o PL e outros partidos de direita já haviam concordado em se unir à grande coligação que dará origem ao partido dos Democratas. Os grandes da esquerda fecharam nesta quinta feira à noite com o PT, em reunião envolvendo até mesmo o presidente Lula, na Granja do Torto, a aliança que dará origem ao partido dos Republicanos.

Na reunião, em que se encontravam presentes também alguns representantes dos Democratas, foram discutidas estratégias de ação e prazos para que a reforma seja implementada. Segundo fontes do Piada Interna em Brasília, as decisões devem ser postas em prática até o final do ano de 2007. De acordo com o protocolo assinado pelos representantes dos Democratas e dos recém-formados Republicanos, todos os partidos com mais de 40 milhões de afiliados deverão unir-se a uma das duas coligações e os menores desaparecerão. Os métodos ainda não foram discutidos, mas até o final de maio, uma proposta será encaminhada ao congresso.

A movimentação espanta pelo metodismo de sua organização e pelo silêncio da mídia. Pelo encaminhamento das ações e qualidade da estratégia, o assunto parece estar fechado. O silêncio é explicado por não haver no Brasil uma única publicação de ideologia independente (com exceção do Piada Interna). Quem não apoia a esquerda tem o rabo preso na direita.

A idéia de se instalar o bipartidarismo no Brasil não é nova, vem dos tempos dos Luzias vs. Caramurus, passa por MDB e Arena e chega ao que hoje chamamos de pluripartidarismo, mas que poderia ser resumido por Posição vs. Oposição e vice versa. A idéia de institucionalizar isso tudo não poderia vir em melhor hora. Agora que os deuses resolveram derramar sua ira sobre o Brasil e a maré vermelha mergulha todos nós na maior epidemia de fome desde a invenção do feijão com arroz. Quem sabe agora, com o circo completo eles tenham tempo pra pensar no pão. O povo quer pão, eu quero pão e a Senadora Maria das Graças Meneghel continua: "Quem quer pão? Quem quer pão? Quem quer pão? Bem gostosinho, gostosinho, gostosinho".
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/// sexta-feira, 20 de abril de 2007
O Azul
por Edigarigor
Não é tiração de onda, mas sim, eu fui para o show de Chico aqui no TCA. Carão para caraleo, mas paguei. E minha esposa do lado fazendo mil peripécias de tão feliz.

Tudo bem que o cara é uma figura engraçada, deve ser um cara broder, mas porque as mulheres ficam doidas pelo Seu Chico? O que o Chicote tem de especial assim? E as mulheres dizem “Ah, porque ele é lindo, fofo, ...” e babam o chão arrastando uma asa semelhante a dos Jumbos de Flight Simulator para o “carioca”.

Comecei a estudar esse caso partindo da mulher mais próxima no momento: minha esposa. Depois da pergunta, um suspiro e ela começa a falar que as letras dele são maravilhosas, que ele é lindo, fofo e inteligente.
Então tá.

Por sua vez, isso me lembra também um fenômeno bastante curioso nos Carnavais de Salvador: as garradas dos Filhos de Gandhi. Por que as mulheres ficam doidas por aquelas contas? Vejo nos flashes de carnaval os Gandheiros girarem aquelas contas como boleadeiras e após um grito de guerra – “Ajayó!” – capturam uma vítima (?) que não se dá ao poder das contas azuis e brancas.

Daí só existe uma conclusão: os olhos do Chicote que fazem a diferença, assim como os Pale Blue Eyes do finado Sinatra e o terno azul de Roberto Carlos. Os caras com os maiores perfis comedores da atualidade.

Eu não deixaria minha mãe do lado de nenhum deles, quiçá de Roberto Carlos e suas tantas emoções.
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/// quinta-feira, 19 de abril de 2007
Cuidado com a liberdade.
por Rafael Borges







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/// segunda-feira, 16 de abril de 2007
My Name is... what?
por Thiago

Nas últimas semanas tive a decente oportunidade de poder assistir à mais nova grande série de humor dos últimos tempos. My Name is Earl é tudo aquilo que faltava nesse filão televisivo que é normalmente recheado de piadas forçadas e risadinhas mecânicas. Mostrando a busca do caipira Earl em tornar-se uma pessoa melhor, ao lado de seu irmão Randy, o seriado me conquistou de cara. Em pouco tempo virei fã, do tipo que começa a pesquisar sobre a vida pessoal dos atores do programa. Mal sabia eu quantas surpresas ainda teria pela frente.

Na minha "pesquisa" descobri que o pessoal do programa abusava do nepotismo, descaradamente. O protagonista Jason Lee já escalou sua própria esposa para o papel de ex-namorada; Ethan Suplee (Randy) trouxe para o set seu próprio pai, que interpreta o carteiro caolho Willie, além de convidar sua cunhada Juliette Lewis para o papel de outra ex-namorada de Earl; Lee e Suplee se conheceram ainda jovens através do ator Giovanni Ribisi, amigo de infância de Suplee, que interpreta o sem-noção Ralph na série; Ribisi, por sua vez, tem uma irmã gêmea, também atriz, que é casada com o cantor Beck, que nada têm a ver com o programa (pelo menos por enquanto).

Até aí tudo bem, por mais confuso que isso tudo pareça. O problema veio quando, cavando um pouco mais, vi que o nepotismo era o de menos nessa história, pois acabei descobrindo que todos os artistas supracitados são adeptos da Cientologia, a religião malucona de Tom Cruise. Confesso que fiquei levemente decepcionado com os meus recém-adquiridos ídolos. Vê-los ao lado de John Travolta, Michael Jackson e de Mr. Cruise me deixou um pouco chateado. Ninguém gosta de ver seus heróis largando umas idéias controversas e para o ser humano comum ridículas por aí. É uma sensação parecida com a de quando sua mãe lhe envergonha na frente dos seus amigos.

Então percebi, com a ajuda da Wikipedia, que a quantidade de "astista famoso" que seguia a seita criada pelo autor de ficção científica L Ron Hubbard era bem maior que eu pensava. Ia da família Presley até a mulher que faz a voz de Bart Simpson. Ficou claro pra mim que o movimento era simplesmente mais um hype hollywoodiano. Uma seitinha cool para a galera cool seguir juntinha. Não vejo explicação mais plausível para o fato de centenas de famosos estarem dispostos a largar o uso de qualquer tipo de droga, esquecerem os psicanalistas e ainda pagarem uma grana severa pra isso. Aonde fomos parar, meu Deus!?

Especulações à parte, é no mínimo curioso que justamente eles, exatamente as pessoas mais públicas e que estão dentre as mais endinheiradas do planeta sejam adeptas tão dedicadas à seita. Tudo então ficou claro quando finalmente fiquei sabendo que o fenômeno se deve ao "Project Celebrity" criado por Hubbard desde os primórdios da religião, com o objetivo de recrutar mais e mais celebridades, através de recompensas para o cientologista que convertesse um famoso. Numa sociedade que é baseada em dinheiro, foi uma tacada de mestre do velho Hubbard, que conseguiu dar o sustento necessário à sua Igreja daí pra frente, já que com cursos que custam mais de US$ 1000 por hora não foi difícil tocar o barco pra frente.

O que está acontecendo, então, é que a todo tempo um famoso estará convertendo outro, que estará convertendo outro e assim por diante. Acho que isso dá à seita o status de praga. Porque ao que tudo indica, é questão de tempo para que toda a classe artística americana torne-se adepta da Cientologia. Deus é mais.
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/// sexta-feira, 13 de abril de 2007
Carros ou pessoas?
por Fernanda
Tinha uma cidade grande, mas não tão grande, que tinha muitos carros. A cada bebê que nascia, três carros novos eram colocados nas ruas. O trânsito vinha ficando complicado. As pessoas demoravam muito mais do que deveriam para chegar a qualquer lugar, o ar estava ficando mais poluído que deveria, as pessoas mais chateadas, a cidade mais barulhenta e não tinha onde parar os carros, enfim....o caos. Es que surge uma pessoa que dizia ter a solução do problema. Depois de pesquisar e estudar a cidade demasiadamente, ele chegou a primeira conclusão: Vamos diminuir uma pista de todas as ruas, assim diminuirão os engarrafamentos! O prefeito da cidade, que tinha uma cara de leeeerdo, confiava muito nele, mas ainda assim não conseguia entender como aquilo ia diminuir seu problema. Mesmo confuso, aceitou o desafio e diminuiu uma pista de cada rua, aos poucos. A segunda conclusão do estudioso que tinha a solução para os problemas foi: vamos diminuir também o número de estacionamento no centro da cidade! A cada dia a gente some com 3 vagas, ninguém vai nem notar.

A população se revoltou (se revoltar, no caso, é dar uma xingadinha ou ligar pro programa de TV polêmico), ninguém entendia como aquilo podia diminuir os engarrafamentos. E é óbvio que ele aumentou. Aumentou e não foi pouco. Se antes era difícil chegar a algum lugar, desse jeito era praticamente impossível... O pesquisador, o que tinha a solução para os problemas, começou a ficar com medo, será que ele estava errado, e não ia conseguir diminuir a bagunça que aquelas ruas se encontravam? No dia seguinte ele acordou, tomou seu café da manhã e foi mais uma vez ver o trânsito pela janela. E não é que nesta manhã tudo tinha mudado? Tinham menos carros na rua. Muito menos, por sinal. Ninguém aguentava mais. As pessoas tinham saído a pé, de bicicleta, de ônibus, de metrô, de carona com o colega de trabalho! Mas que alegria que ele irradiava, procurou o prefeito e colocou em prática o restante do plano. Melhoraram as calçadas, as linhas de ônibus, fizeram pistas para bicicletas, mais linhas de metrô....até o dia que quase ninguém usava os carros na cidade, as pessoas começaram a buscar trabalho mais perto de casa também. Hoje tem mais pista para bicicleta na rua do que para carro, e agora eles têm um outro problema: engarrafamento de bicicleta.
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/// quinta-feira, 12 de abril de 2007
Todo menino do Pelô sabe tocar tambor.
por Camilla Costa

Os jornais de meio-dia são, por natureza, onde todos os jornalistas engraçadinhos se reúnem para contar fait-divers que alegrem a sua vida e abram seu apetite. Fait-divers, pra quem não sabe, são aquelas notícias engraçadinhas ou bonitinhas, relatando acontecimentos pitorescos, histórias de vida exemplares ou projetos sociais edificantes. Com relação aos projetos sociais edificantes, atentei outro dia para o fato de que a maioria, senão todos os projetos com crianças carentes de norte a sul do país, que recebem atenção da mídia nacional, tem a ver com meninos e tambores.

Tem de tudo: desde socialite de família quatrocentona que resolveu ensinar meninos a tocar (percussão) até bandas flower que resolveram fazer o mesmo, passando por cantores famosos vindos da favela que abriram escolas de música (percussão) e inclusão social para meninos carentes. Não tenho nada contra querer fazer algo para evitar que meninos e meninas de baixa renda se envolvam com a violência e a criminalidade tão cedo. Mas não entendo por que é que o tambor, e geralmente SÓ o tambor, está sempre lá. Acompanhado, é claro, da caixa, do bumbo, do atabaque, do timbau...

Como boa brasileira e baiana ainda por cima, gosto de tambores. Admiro a musicalidade africana, sinto falta de um baticum bem feito em algumas músicas. Mas música não se resume a percussão. Nem na África, nem no Brasil. Por que então quando se fala de ensinar música a crianças carentes é sempre percussão?

O Brasil tem dezenas de projetos de inclusão social através da música. Não duvide que a imensa maioria tem suas próprias bandinhas de percussão que tocam aqui e ali em eventos que querem mostrar algum comprometimento social. As maiores bandas conseguem apresentações no exterior, sozinhas ou acompanhando algum músico de fama internacional que quer mostrar o seu "pézinho na África". O que acontece com esses meninos depois, pouca gente sabe. Eles crescem, precisam deixar os grupos para que as novas crianças tenham também a sua oportunidade.

Alguns deles conseguem trabalhar em outras bandas de percussão, mas arrisco dizer que a maioria volta mais ou menos para o zero. Não estou desconsiderando o fato de que durante parte de sua infância recebem estímulo para continuar estudando e sonhando, ao invés de estarem na rua beijando o capô dos carros para conseguir dinheiro. Isso é, sem dúvida, o maior ganho. Mesmo assim, começo a desconfiar desta "inclusão social através da música" que só ensina a batucar.

Me parece que, durante algum tempo, bandas infantis de percussão foram o hype, provavelmente por causa do sucesso do Olodum (que tem, até onde eu sei, um projeto social e pedagógico muito mais amplo) e adjacências. Aí foi um tal de "vamo bater lata"; de O menino, a favela e as tampas de panela; de Pracatum; de roupa feita com latinha de refrigerante e de toda essa estética do "usar o lixo para fazer música é a resistência da periferia". Tudo bem. Os meninos se divertem, deixam os pais orgulhosos, melhoram a auto-estima e aprendem a reciclar.
Mas não me venda essa idéia dizendo que isso vai, necessariamente, dar a eles um futuro. Aposto inclusive que, do jeito que nossas instituições são viciadas, muitos deles já sabem disso se só permanecem nos projetos para conseguir outras coisas. Comida, por exemplo.

O que quero dizer é que essa proliferação irrefreada de projetos que fazem a mesma coisa me parece pobre e até oportunista. Parece que ensinar percussão agora é o único modelo possível de trabalho com crianças carentes que envolva a música. Se eu quiser me colocar mesmo no meio da roda para ser linchada, arrisco dizer também que isso ajuda a difundir um certo preconceito. Música para criança negra e pobre é percussão. Por que? Elas não conseguem aprender mais nada? Será que a verdadeira inclusão pela música não aconteceria se essas crianças tivessem uma formação mais ampla? Que tal aprender também a tocar violão, piano, flauta, trombone? Ler uma partitura? Compor, quem sabe?

E não me venham chamar de elitista. A formação mais ampla não exclui os tambores, mas agrega mais valor a eles, além de dar a esses meninos uma possibilidade real de crescerem profissionalmente sendo músicos, se assim quiserem. Não basta fazer uma banda de percussão com as crianças pra dizer por aí que está fazendo algo profundo por elas, ou ensinando uma profissão. Acho que é possível fazer mais e melhor, sem escolher o caminho mais fácil para conseguir o apoio financeiro da população e das empresas.

Acho que é mais ou menos como dizer que é, de alguma maneira, eficiente ensinar os meninos de rua a fazer malabares. Eles não estão aprendendo uma profissão ou algo que possam usar na vida. Não estão nem ao menos fazendo arte. O que eles estão aprendendo é uma brincadeira que vão usar para pedir esmola.

foto: Pierre Verger
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/// terça-feira, 10 de abril de 2007
pelo livre uso das teorias da física.
por Guilherme Athayde
Hoje é meu primeiro dia aqui.

Pensei em começar falando da minha vizinha que invade um pedaço da minha garagem ou do meu colega de trabalho que sempre coloca os papéis dele em cima de minha mesa. Ou então do trânsito anormal que eu pego para o trabalho que tem ficado cada vez mais caótico e como a falta de gentileza entre as pessoas atrapalha ainda mais que as coisas não se tornem tão insuportáveis.

Fiquei alguns dias com essa idéia na cabeça. Até que, depois de tropeçar numa pedra (dessas que pegam a gente desprevinido), percebi que as coisas têm a dimensões diferentes, dependendo de como as vemos. Isso se chama relatividade ("As dimensões de objetos medidos em um referencial podem ser diferentes para um outro observador em outro referencial em movimento.") e já escreveram algo sobre isso. E eu não tinha aprendido, mas a vida tem uma forma bem eficiente de aplicar as teorias.

As coisas têm a dimensão que a gente dá para elas, dentro da cabeça. Ultimamente tenho me interessado cada vez menos nas criações de media hype do terror: qual foi/é mesmo a real dimensão e ameaça do aquecimento global, da inflação, da onda de violência e do chupacabras? Espalhar ondas de caos é um hábito e a gente não percebe muito, inclusive começa a contribuir. Até que um dia a gente tropeça, bate a cabeça...
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/// segunda-feira, 9 de abril de 2007
Zero vezes zero é zero. Dois.
por Carolina Costa
Toda grande coisa começa do zero.
As pequenas também, mas elas não são bons exemplos. E de acordo com a visão terapeuta-espiritual-holística, da qual eu me beneficio quando preciso me sentir melhor, todas as coisas tem ciclos.
Como todo mundo sabe, ciclo é aquela coisa redonda que começa e termina. Então, para as coisas duradouras (e efêmeras também,mas as efêmeras não são bons exemplos) tudo termina e começa e termina de novo. Ou começa termina e começa de novo.
Começar de novo é sempre bom, por que você acredita que vai ser sempre muito melhor. E às vezes é.
A páscoa serve pra começar de novo. É a oportunidade que vc tem de deixar de ser chato e se tornar legal, deixar de ser gordo e se tornar magro, deixar o bigode crescer ou depilar a axila. Ou o contrário disso tudo.
Eu quero começar de novo. Pra ser melhor. Que nem o Piada.
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/// sexta-feira, 6 de abril de 2007
A cidade escondida.
por Ivan Seixas
É uma relação de amor e ódio, a que me liga a Salvador. Dependendo da época, mais amor ou mais ódio. Mas fato é que Salvador é uma cidade quente, mal projetada, e que cresceu sozinha por onde tinha espaço e acabou por construir caminhos tortos, sem nexo e constantemente engarrafados. O poder público vem sempre na esteira das necessidades, depois que elas começam a pipocar na cara deles. Aliás, depois que o pipoco começa a ser ouvido de dentro das salas da prefeitura. Assim: depois dos atropelamentos, a passarela; depois dos engarrafamentos, mais engarrafamentos para duplicação de vias; depois que eu compro pneus novos, a operação tapa buraco; depois do apocalipse, o metrô.

Salvador é uma cidade de carnaval. Toca axé em 98% da cidade o ano todo e em 359% da cidade durante o carnaval. Na verdade, é até estranho falar em "cidade" durante o carnaval, pois, cidade, realmente, não há. E se você não gosta de pagode/axé, você ainda pode procurar consolo durante o mês de junho, quando a cidade esvazia e quem fica, ouve lambada. Consolo também em algumas festas onde toca forró e só. Esqueça qualquer outra coisa. Salvador não tem público pra qualquer outra coisa.

Salvador tem gente feia, mais que em qualquer lugar do país (exceto Aracajú, que não conta, porque fica em Sergipe). Salvador não funciona quando chove. Em Salvador não tem nada pra fazer. Salvador não tem opção de lugares. Salvador seria uma porcaria se não fosse a brisa.

Porque, apesar de tudo isso, temos de ser justos. Em Salvador tem uma brisa que vem do mar e que penetra na cidade como se pudesse deixar tudo no zero a zero outra vez, como se fosse resolver tudo. E só quem mora aqui sabe o que significa essa brisa que vem do mar.

Tá, mas lá em cima eu falei em amor e ódio né? E pra quem tava achando que o amor todo se resume à brisa, que ela é capaz de acabar com todos os problemas da cidade, ou não mora aqui, ou tem ar-condicionado em casa, no carro e no trabalho; e só freqüenta lugares com ar-condicionado central. A brisa não só não compensa nada, como não chega nem a resolver o calorão da cidade.

Mas vamos continuar o nosso passeio, pois a cidade tem suas compensações. Salvador seria mesmo uma porcaria se não fosse a brisa. E a brisa realmente só pode ser entendida por quem vive aqui. Assim como só quem vive aqui pode entender um gramofone sendo vendido na Av Tancredo Neves, no meio da rua. Ou um guarda de transito aposentado vestindo paletó de veludo verde, no meio da faixa apitando para os carros que passam, ou um punk solitário que caminha pela cidade.

São as pequenas rupturas cotidianas, semelhantes àquele cochilo de 15 minutos quando você não suporta mais ficar acordado, capaz de renovar suas forças para uma tarde inteira de trabalho. Como uma chuvinha que cai no auge do verão quando você pensa que não vai mais conseguir suportar o calor. São elas que me fazem agüentar a vida em Salvador. É um locutor de ofertas com voz de radialista dos anos 30 e óculos escuros que interrompe o seu trabalho pra cumprimentar os "jovens" que passam do outro lado da rua em pleno meio dia. É uma bandinha de fanfarra que eu não sei de onde vem, mas que eu ouço todo domingo às seis horas da tarde mesmo de janela fechada e ar condicionado ligado. É a possibilidade de ir pela orla. De ver surgir na sua frente um farol da barra cheio de mar em volta, logo ali depois da curva. Salvador tem sempre um pedacinho de mar surpresita pra tirar seus olhos do inferno.

Em Salvador tem uma cidade escondida. Ela fica ali no meio, entre o cotidiano opressivo e a praia de domingo. E é a pequena poesia que brota de uma esquina ou de outra, como que espontaneamente, e que nem todo mundo é capaz de perceber, mas que compensa muitas horas de calor e axé.
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/// quarta-feira, 4 de abril de 2007
As mulheres de Vênus
por Edigarigor
Eu odeio atendentes de lojas de departamentos. Muito.

É engraçado quando você entra numa loja dessas por alguma necessidade peculiar, ou apenas para chegar rapidamente ao seu destino – sendo que em momentos você evita por causa dos motivos que exponho a seguir. Está você passeando por algum shopping e pensando em coisas mais importantes na sua vida: uma posição sexual nova, os números que podem cair na mega-sena, ou apenas naquele ócio criativo de perambular esperando algum amigo atrasado...

E... Pâ!

Como o sonzinho de erro dos idos tempos de Windows 95 – Plus, diga-se de passagem – aparece em sua frente uma mulher tentando ser bonita e simpática, com o cabelo eternamente molhado, umas areiazinhas coloridas na parte superior do olho – de cores curiosamente parecidas com a loja que você estava prestes a entrar – e mecanicamente fala:

- Boa noite, você gostaria de fazer um cartão das lojas Plofs?

- Você diz isso para todos – e sigo para um maldito corredor polonês de mulheres agindo da mesma forma e cada vez que você diz “Não”, um ente da sua família é amaldiçoado.

Essas são as meninas chatas e feias. Elas são de Vênus.

E as do setor de pagamento? Olham para você e devem imaginar ‘ó, estou sendo es-cra-vi-za-da! Vivo melhor que você-ê’. Fora as que usam Cascolar na cabeça – de cores curiosamente parecidas com a loja que em você entrou. Apenas um feixe na cabeça. Apenas.

Essas também são mulheres de Vênus. Não sei o porquê, mas, desde meus tempos de criança, acho que orientais e atendentes de lojas de departamentos são desse planetinha possivelmente visto a olho nu do nosso mundinho. Creio que lá existem pessoas que usam Cascolar na cabeça, e areias coloridas nos olhos, além das madeixas sempre úmidas.

Esses Venusianos eu temo. Os orientais não.
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/// terça-feira, 3 de abril de 2007
piada interna. o que era bom, agora é blog.
por Guilherme Athayde
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