Noite de terça: eu, minha esposa e minha namorada esperando alegremente o início de "A Pedra do Reino"; uma adaptação do livro do retado Ariano Suassuna e promessa de atores nordestinos desconhecidos, fora que 2 atores baianos (muito bons) estavam no elenco. Morrendo de sono, esperamos.
E começou. E assistíamos.
Terminou. No final olhei para minha esposinha e ela para mim:
- Entendeu alguma coisa, ninho? - disse ela.
- Porra nenhuma. - eu, óbvio.
No dia seguinte perguntamos para algumas pessoas. Elas também não entenderam. Afinal, quem entendeu?
Mas esse texto não é voltado para a microsérie - quando ler o romance terei maior prazer de escrever algo - , e sim para a coragem de questionar. Por que temos medo de questionar as coisas? Por medo de parecermos fracos, ignóbeis? De sermos execrados nas rodinhas de convívio? Muitas vezes, confesso, faço cara de lua cheia ao não entender algumas coisas que as pessoas dizem ao longe e sai aquele sorriso "evento chique, estou segurando um copo de bebida e tenho que sair bem na foto". E balanço a cabeça. Outras são por não ter paciência do papo chato porque penso em mil coisas ao mesmo tempo que converso. Coisa minha.
Acho que todos deveriam questionar suas dúvidas, por mais que pareçam ridículas e que os portadores destas sejam escrachados antes de ouvir a resposta. Fazer o que as professorinhas do ensino fundamental sempre dizem. Aconteceriam menos erros estúpidos, negligências e existiriam menos críticos de arte. Ah, estes sim devem ter entendido "A Pedra do Reino" ou temem por uma guerra fria crítica, onde todos TÊM que saber de tudo. Coisa de gente chata.
Mas eu não. E estou atrás da resposta, afinal é o que realmente interessa. Até o Ariano tem as dúvidas dele...
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