/// COLUNÁVEIS
Edgar Igor
O nosso EDtor chef é um cara contraditório. Ex-futuro-padre e lutador de boxe, amante da violência e o cara mais calmo que conheço, colecionador de dvd's... Originais! Um ídolo.
ivan seixas
Um bom bebedor de cerveja, recebeu influencias saxônias durante as andanças de sua vida e hoje fala alemão. É um excelente escritor, com uma criatividade transcendente psicodélica. Em suma, é malucão.
AL
Al é um cara talentoso. Fala pouco e somente quando acha que tem razão. Alguns dizem que ele é rabugento, mas na maioria das vezes ele, simplesmente, já pensou muito a respeito do que está falando. Convém prestar atenção.
carol costa
Pertence ao clã Costa, que tem o objetivo crível de dominar o Cabula e depois o Caribe. Carol era estagiária do Piada Interna Paper Xerographic Mate, e agora é estagiária sênior. É meio estranha, como a maioria dos membros do PI, mas tem bom coração e é legal. E isso que vale. Ah, ela também tem cachos - ou tinha, sei lá.
heide costa
Heide Costa é o elemento # 11 da segunda geração do clã Costa. (Um dos maiores clãs da história da humanidade). Ela tem uma gripe que nunca fica boa, um senso de humor sutil e um sono voraz. Seu nome, assim como o hard core , também pode ser abreviado por agá cê. Heide Costa. Mi gusta.
guilherme athayde
Guilherme Athayde é um cara cheio de moral, com nome de gente grande e apelido divertido, Jojo bengo. Tem uma banda com o nome em homenagem ao apelido, mas ele esnoba esse fato. Cheio de responsabilidade e postura de adulto ele costuma gerenciar ações, coloca ordem na casa, inclusive nesse Piada Interna.
camilla costa
Uma mistura de Tintim com Amélie Poulain, Camilla é aquilo que se espera de uma repórter: à mão o seu bloquinho de papel anotando e anotando ou conversando eloquentemente com as pessoas. Um dia ela te mostra algo que sabe que "só você vai dar valor" ou então te presenteia com um doce surpresita no fundo de uma caneca.
fernanda pimenta
Pi parece uma menina normal, só que levemente mais rabugenta. Mas volta e meia ela surpreende com a sua doçura enorme, alegria psica, fofura sem-noção e ótima disposição para fazer coisas legais. Menos quando ela resolve que está com sono. Aí ela vai é pra casa.
thiago rodrigues
Bitola, vulgo Thiago, sempre terá menos de 18 anos. E tem que ser assim, porque se chegar aos 25, morre. É um franco imitador de personagens e línguas. Não nega nenhuma proposta para sair de casa e é, inexplicavelmente, fofo.
rafael borges
Rafael é definitivamente um cabra peculiar. Fala japonês, desenha absurdamente bem, queria ser o Elvis, já viu mais South Park que os criadores da série e não perde a chance de fazer discussões transcendentais sobre o universo. Tem o especial dom de falar o que não devia, na hora que não devia. Deve ser por isso que ele é o Bocão.
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Puta madre cabron
Rafa Samurai
Reisepost
/// sexta-feira, 6 de abril de 2007
A cidade escondida.
por Ivan Seixas
É uma relação de amor e ódio, a que me liga a Salvador. Dependendo da época, mais amor ou mais ódio. Mas fato é que Salvador é uma cidade quente, mal projetada, e que cresceu sozinha por onde tinha espaço e acabou por construir caminhos tortos, sem nexo e constantemente engarrafados. O poder público vem sempre na esteira das necessidades, depois que elas começam a pipocar na cara deles. Aliás, depois que o pipoco começa a ser ouvido de dentro das salas da prefeitura. Assim: depois dos atropelamentos, a passarela; depois dos engarrafamentos, mais engarrafamentos para duplicação de vias; depois que eu compro pneus novos, a operação tapa buraco; depois do apocalipse, o metrô.

Salvador é uma cidade de carnaval. Toca axé em 98% da cidade o ano todo e em 359% da cidade durante o carnaval. Na verdade, é até estranho falar em "cidade" durante o carnaval, pois, cidade, realmente, não há. E se você não gosta de pagode/axé, você ainda pode procurar consolo durante o mês de junho, quando a cidade esvazia e quem fica, ouve lambada. Consolo também em algumas festas onde toca forró e só. Esqueça qualquer outra coisa. Salvador não tem público pra qualquer outra coisa.

Salvador tem gente feia, mais que em qualquer lugar do país (exceto Aracajú, que não conta, porque fica em Sergipe). Salvador não funciona quando chove. Em Salvador não tem nada pra fazer. Salvador não tem opção de lugares. Salvador seria uma porcaria se não fosse a brisa.

Porque, apesar de tudo isso, temos de ser justos. Em Salvador tem uma brisa que vem do mar e que penetra na cidade como se pudesse deixar tudo no zero a zero outra vez, como se fosse resolver tudo. E só quem mora aqui sabe o que significa essa brisa que vem do mar.

Tá, mas lá em cima eu falei em amor e ódio né? E pra quem tava achando que o amor todo se resume à brisa, que ela é capaz de acabar com todos os problemas da cidade, ou não mora aqui, ou tem ar-condicionado em casa, no carro e no trabalho; e só freqüenta lugares com ar-condicionado central. A brisa não só não compensa nada, como não chega nem a resolver o calorão da cidade.

Mas vamos continuar o nosso passeio, pois a cidade tem suas compensações. Salvador seria mesmo uma porcaria se não fosse a brisa. E a brisa realmente só pode ser entendida por quem vive aqui. Assim como só quem vive aqui pode entender um gramofone sendo vendido na Av Tancredo Neves, no meio da rua. Ou um guarda de transito aposentado vestindo paletó de veludo verde, no meio da faixa apitando para os carros que passam, ou um punk solitário que caminha pela cidade.

São as pequenas rupturas cotidianas, semelhantes àquele cochilo de 15 minutos quando você não suporta mais ficar acordado, capaz de renovar suas forças para uma tarde inteira de trabalho. Como uma chuvinha que cai no auge do verão quando você pensa que não vai mais conseguir suportar o calor. São elas que me fazem agüentar a vida em Salvador. É um locutor de ofertas com voz de radialista dos anos 30 e óculos escuros que interrompe o seu trabalho pra cumprimentar os "jovens" que passam do outro lado da rua em pleno meio dia. É uma bandinha de fanfarra que eu não sei de onde vem, mas que eu ouço todo domingo às seis horas da tarde mesmo de janela fechada e ar condicionado ligado. É a possibilidade de ir pela orla. De ver surgir na sua frente um farol da barra cheio de mar em volta, logo ali depois da curva. Salvador tem sempre um pedacinho de mar surpresita pra tirar seus olhos do inferno.

Em Salvador tem uma cidade escondida. Ela fica ali no meio, entre o cotidiano opressivo e a praia de domingo. E é a pequena poesia que brota de uma esquina ou de outra, como que espontaneamente, e que nem todo mundo é capaz de perceber, mas que compensa muitas horas de calor e axé.
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